Circuito do Ouro, Chapada Sul e os três picos mais altos do Nordeste; conheça as trilhas em Rio de Contas-BA
O cume do Pico das Almas, o terceiro maior pico do Nordeste brasileiro | FOTO: Reprodução/Rui Rezende |
Rio
de Contas é a cidade mais antiga da Chapada Diamantina, possuindo um dos três
conjuntos arquitetônicos coloniais mais importantes e belos da Bahia, é uma
verdadeira cidade-museu. Ela abriga quase 300 construções históricas tombadas
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entre elas
a Igreja Matriz, com seu altar folhado a ouro, e o Teatro São Carlos, o
primeiro do interior baiano. As suas casas e ruas de pedras são muito bem
conservadas e passam um delicioso clima de aconchego e tranquilidade. Cidade
opulenta nos tempos do ouro, hoje volta a se destacar com o turismo ecológico.
Com
diversos atrativos naturais em seu entorno, o município é detentor dos picos
mais altos do Nordeste: o do Barbado, do Itobira e das Almas. O mais alto é o
Pico do Barbado, que tem 2.033 metros e fica entre Rio de Contas, Abaíra e
Piatã – esta última, aliás, cidade famosa pelo clima serrano com que festeja
seu São João. Os outros dois são o Pico do Itobira, com 1.970 metros, e o Pico
das Almas, com 1.958 metros, ambos em Rio de Contas. Os três podem ser
alcançados em caminhadas que levam a visões incríveis de toda a Chapada sul.
Mas
foi o Pico das Almas que se tornou a menina-dos-olhos de Rio de Contas. Para
chegar ao seu topo, são três horas a pé no meio de formações de quartzito que
afloram da terra, orquídeas, bromélias e uma vegetação única. O pico atraiu, em
1974, uma equipe do Jardim Botânico de Londres, o Kew Gardens, que fez um
levantamento de 1.200 espécies de plantas, 100 delas endêmicas – o que faz do
Pico das Almas um dos lugares de maior biodiversidade da América do Sul
(proporcional ao seu tamanho, claro). Uma riqueza que já foi comparada à da
Floresta Amazônica. Os ingleses, pelo visto, já sabiam o que nós levamos 30
anos para descobrir: que há muito mais tesouros enterrados no coração dourado
da Bahia do que nós pudemos imaginar. E nem todos são pedras preciosas.
Depois
deste longo panorama sobre a cidade, já deu para perceber que esse texto é mais
uma matéria da série de trekking na Chapada Diamantina. Pois é! Esse roteiro é
especial para os amantes do montanhismo e grandes travessias. Vamos falar sobre
a travessia que tem como meta subir os três picos mais altos do Nordeste:
Almas, Itobira e Barbado. Este roteiro é singular, são aproximadamente 43km com
um grau de dificuldade de moderado a difícil, onde se enfrentará altitudes
elevadas, baixas temperaturas e ainda conhecer pequenos povoados e comunidades
agrícolas encravadas nas serras e vales pouco conhecidos da região.
1º dia – Rio de Contas, Pico das Almas, Vale do
Queiroz
Saída
de Rio de Contas pela manhã, em direção à Fazenda Silvana, onde irá iniciar a
trilha até o Vale do Queiroz, local do acampamento. De lá segue a trilha por
cerca de 1h20 até chegar ao Portal das Almas, uma paisagem diferente de tudo
que a Chapada Diamantina oferece, com pedras pontiagudas de diversos tamanhos
por todas as partes. No trecho final há uma ‘escalaminhada’ pela parte mais
íngreme do maciço que leva ao cume, são aproximadamente 3h de subida até chegar
aos 1.958 metros de altitude do Pico das Almas, com uma bela vista panorâmica
da Chapada Sul. A volta descer pela mesma trilha e retornar para o acampamento
base, no Vale do Queiroz.
2º dia – Vale do Queiroz, ponte do Coronel, fazenda
Caiambola, Pico do Itobira
Voltar
pela trilha até a fazenda Silvana, de onde estará um carro de apoio, seguir de
carro, com uma parada para tomar um banho de rio na ponte do Coronel. Seguir
rumo a Caiambola, onde inicia a trilha. Dando a volta em um grande capão de
mata ao sopé do Pico do Itobira, a trilha segue por um gerais, repletos de
flores e gramíneas. Após cerca de 1h30 de caminhada, chega-se a base do Pico do
Itobira, a trilha segue pra cima, com uma bela vista para os campos desertos da
Chapada Sul. Seguir por cerca de 1h de subida, onde irá chegar aos 1.980 metros
de altitude da segunda montanha mais alta do Nordeste brasileiro. Há duas
opções depois neste roteiro, dormir no cume (se a previsão for boa) ou dormir
na base, próxima à água.
Descer
do cume e seguir rumo à Lapa da Mutuca, a partir daí começa um dos trechos mais
difíceis e contemplativos da trilha, passando pela Lapa da Mutuca, e seguindo
até o Guarda Mor, onde será o pernoite.
Pela
manhã, subir uma trilha pelas escarpas da Serra do Barbado cerca de 2h até um
lugar chamado Forquilha da Serra, um tipo de passo entre a Pedra do Elefante e
o Pico do Barbado. A partir deste ponto seguir por cerca de 20 minutos até o
Pico do Barbado, o cume da montanha mais alta do Nordeste brasileiro, com 2.033
metros de altitude. Com vista 360º para os Picos do Itobira e das Almas, para a
Serra da Tromba e Três Picos em Piatã, e ainda ao horizonte a serra do Sincorá,
podendo avistar o morro do Pai Inácio e o Morrão. Após contemplação e fotos no
Cume, a trilha desce cerca de 2h para o povoado de Catolés de Cima. Onde um
carro irá levar até a cidade de Piatã. (Jornal da Chapada)
Já o Pico do Barbado é o mais alto do Nordeste com 2.033 metros de altitude | FOTO: Reprodução/Estradas e Trilhas |
Rio de Contas é a cidade mais antiga da Chapada Diamantina, possuindo um dos três conjuntos arquitetônicos coloniais mais importantes e belos da Bahia | FOTO: Reprodução/Arquivo |
Subindo o Pico do Itobira com trilhas difíceis e contemplativas | FOTO: Reprodução/Rui Rezende |
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