“Sou ladrão e vacilão”: Justiça condena homens que tatuaram testa de adolescente
A
Justiça de São Paulo condenou os dois homens que tatuaram a testa de um
adolescente em São Bernardo do Campo em junho de 2017 com a frase “Sou ladrão e
vacilão”. Os réus não poderão recorrer em liberdade. O tatuador Maycon Wesley
Carvalho dos Reis, 28, pegou três anos de reclusão em regime inicial semiaberto
por crime de lesão corporal gravíssima e quatro meses e 15 dias de detenção em
regime inicial semiaberto por delito de constrangimento ilegal.
Seu
vizinho, Ronildo Moreira de Araújo, 30, pegou três anos e seis meses de
reclusão em regime inicial fechado por crime de lesão corporal gravíssima e de
cinco meses e sete dias de detenção em regime inicial semiaberto por crime de
constrangimento ilegal.
Presos
desde junho de 2017, os dois não receberam o direito de recorrer em liberdade.
A
reportagem tentou contato com a defesa de Maycon e Ronildo, mas não obteve
sucesso.
O
CASO
Em
junho de 2017, um vídeo com um adolescente rendido após uma suposta tentativa
de roubo viralizou nas redes sociais. Em sua testa, lia-se “Sou ladrão e
vacilão”. No dia 9 do mesmo mês, Maycon e seu vizinho, o pedreiro Ronildo,
foram presos em São Bernardo do Campo pelo crime.
De
acordo com depoimento prestado à polícia, os homens confessaram o crime e
explicaram que o adolescente teria tentado roubar uma bicicleta do tatuador. A
suposta tentativa de roubo não foi confirmada. Ao reconhecer o jovem no vídeo,
a família acionou a polícia. Ele estava desaparecido havia mais de uma semana.
Usuário de drogas, o jovem foi encontrado no dia 13 de junho e internado em uma
clínica de reabilitação para o tratamento de crack e álcool em Mairiporã, onde
se encontra até hoje.
O
adolescente também passa por sessões de retirada da tatuagem, que já diminuiu,
mas ainda está presente em sua testa. Ele teve a frase “Eu sou ladrão e
vacilão” tatuada em um quarto de pensão que havia sido alugado por Maycon.
Em
entrevista à Folha, o rapaz negou ter tentado furtar a bicicleta, disse que
estava muito bêbado quando entrou no condomínio e que só “colocou a mão em uma
bicicleta”. Ele disse ter implorado para não ser marcado e que quis morrer
depois porque estava muito envergonhado.
O
dono da bicicleta é Ademilson de Oliveira, 31. Ele contou ao UOL que o veículo
em questão estava quebrado. “Ela está com o pedal quebrado. Tinha um
motorzinho, mas eu tirei. Deixei ela no cantinho porque queria consertar
depois. Se alguém fosse roubar a bicicleta, não ia conseguir nem R$ 5 nela”,
disse.
Oliveira
disse que se mudou para a pensão e que conhecia de vista o tatuador Maycon e o
vizinho Ronildo. “Sei que ele [Maycon] toca em uns barzinhos que tem aqui
perto. Eu estou arrasado mesmo com o que aconteceu. Não estou conseguindo nem
comer, nem dormir direito. Minha vontade é jogar a bicicleta fora”, disse.
Segundo
ele, no momento em que o fato aconteceu, ele estava no hospital fazendo uma
cirurgia no olho.
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