Quem é a Dona Maria? Conheça a mulher mais perigosa da Bahia (Nova integrante do baralho do crime)
Olhos castanhos, cabelos escuros, batom…
Mas a beleza que atrai é a mesma que mata. Sim, ela mata ou manda matar,
segundo a polícia. Assim é conhecida Jasiane Silva Teixeira, 28 anos, a Dona
Maria, que passou a figurar no final de janeiro como a Dama de Copas no Baralho
do Crime da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). É ela que vem
espalhando o terror no comando da recém-criada facção Bonde do Neguinho (BDN)
em Vitória da Conquista, no Centro-sul do estado.
Procurada por tráfico de drogas e
homicídio, ela é a terceira mulher a fazer parte do Baralho do Crime, desde a
sua criação, em 2011. A ferramenta foi criada pela SSP para estimular a
participação da população na busca e captura de bandidos procurados pela
polícia. Jasiane entrou no baralho no lugar do traficante Averaldo Ferreira da
Silva Filho, o Averaldinho, que segundo a SSP, saiu, porque teve a prisão
revogada pela Justiça.
Dona Maria possui seis processos criminais
– quatro por tráfico e associação para o tráfico, um por homicídio qualificado,
ambos em Vitória da Conquista, e um por homicídio qualificado em Jequié, onde a
vítima foi um agente penitenciário. Ela também tem quatro mandados de prisão
por tráfico, associação para o tráfico e homicídio.
“Dentre as dezenas de homicídios ordenados
por ela direta ou indiretamente, destacaram-se um duplo e um triplo que
vitimaram integrantes de facção rival”, disse o delegado Cléber Rocha Andrade,
coordenador da Coorpin de Vitória da Conquista.
Prisão
Ela foi
presa em 2008 por tráfico, associação para o tráfico e porte de arma com o
primo e companheiro Bruno de Jesus Camilo, o Pezão, fundador do Bonde do Pezão,
grupo criminoso que à época ainda tinha status de quadrilha. Josiane foi solta
pela Justiça meses depois, e Bruno condenado a cumprir pena em Jequié. “Ela
montou lá uma base operacional do crime. Em 2010, Bruno mandou matar um agente
penitenciário em Jequié. Logo após o crime, os autores morreram em confronto
com a polícia, que chegou à casa alugada e a conduziu à delegacia, junto com as
mulheres dos criminosos mortos”, contou Rocha.
Bruno morreu em 2014, em Porto Seguro, durante confronto com a
Polícia Civil de Vitória da Conquista. Jasiane conseguiu fugir. Uma
investigação revelou que o casal tinha residências em três cidades em nome de
terceiros: Vitória da Conquista, Porto Seguro e Salvador – um apartamento na
Rua Sabino Silva.
Segundo a polícia, com a morte de Pezão,
houve um racha entre vários grupos que eram ligados a ele e isso desencadeou
uma disputa acirrada e com muitas mortes em Conquista. Foi quando Jasiane
mostrou que tinha tino para assumir o lugar do companheiro e propôs uma aliança
com grupos menores. “Passou a fornecer armas e drogas”, disse o delegado.
Facção
Logo
depois, a então líder da quadrilha aliou-se à Paulo DG, traficante de Jequié
filiado ao Bonde do Maluco (BDM) e que atualmente está preso no Complexo
Penitenciário da Mata de Escura, em Salvador.
Segundo a polícia, isso rendeu ao Bonde do Pezão ainda mais
força e, consequentemente, a organização típica de uma facção. Passou a ter
regimento, começou a se expandir no município, montou uma estrutura
organizacional com gerentes de distribuição, recolhimento de dinheiro,
distribuição de drogas, de vendas, além de advogados à disposição dos
interesses do grupo criminoso.
Com essa estrutura organizacional, o Bonde
do Pezão passou a se chamar Bonde do Neguinho (BDN). “A facção leva esse nome
porque o principal gerente e matador de Jasiane é o Neguinho, Juarez Vicente de
Moraes, que também é procurado”, disse o delegado. Antes de Jasiane, Neguinho
já figurava no Baralho do Crime. Ele é o Cinco de Ouros e é procurado por
tráfico de drogas.
Jasiane passou a adotar o apelido de Dona
Maria como uma forma de evitar que a polícia associasse as execuções a ela.
Segundo a polícia, a crueldade de Dona Maria supera a do ex-companheiro. “Ela é
impiedosa. O Bruno Pezão poupava mulheres e crianças. Ela não, é muito fria,
ordena as execuções de quem quer que seja”, comentou o coordenador da Coorpin
de Vitória da Conquista.
Facção é famosa pela ousadia
A
facção Bonde do Neguinho (BDN) é conhecida também pela ousadia. No dia 12 de
novembro do ano passado, Jasiane ordenou uma matança numa casa noturna no
bairro Morada dos Pássaros. O motivo: o proprietário fornecia aos clientes
drogas, compradas de outro distribuidor, numa região dominada pelo BDN.
“Ela determinou a morte de todos que estavam lá, cerca de 20
pessoas, mas conseguimos impedir. Tivemos a informação e enviamos cinco equipes
nossas para lá, que se posicionaram estrategicamente nas imediações. Quando os
bandidos chegaram, eram quatro, resistiram à prisão, trocando tiros com a
polícia e acabaram mortos na porta da casa noturna. Seria uma carnificina”,
contou o delegado Cléber Rocha.
A líder do BDN é mãe. O filho de 7
anos, fruto do relacionamento com Bruno Pezão, vive com parentes, segundo a
polícia. A mãe de Dona Maria, Patrícia Carvalho Silva, que também responde por
tráfico, foi esposa de Antonilton de Jesus Martines, o Nenzão, um dos
maiores traficantes de Conquista. (Fonte: Bruno
Wendel Correio24Horas)
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