Bahia: Major Maltez, da PM, manda recado aos seguidores de Zé de Lessa, em resposta a áudios ameaçadores
Major Maltez, herói dos ireceenses manda recado aos seguidores de Zé de Lessa - Foto: Cultura & Realidade |
Diversos
áudios estabelecendo um clima de terror para as regiões de Irecê e Chapada
Diamantina, supostamente produzidos e disseminados por seguidores de Zé de
Lessa, apontado como o maior líder do BDM – Bonde Do Maluco, tiveram resposta
dura do Major Maltez, que atua na Cipe – Companhia Independente de Policiamento
Especializado/Semiárido.
José
Francisco Lumes, o Zé de Lessa, passou os últimos cinco anos como foragido da
justiça baiana, mantendo-se, segundo investigações policiais, em moradia nas
terras paraguaias, na divisa com o Brasil. De lá, desenvolvia a gestão das suas
ações criminosas, como assaltos a bancos, tráficos de armas e drogas.
Zé
de Lessa foi abatido pela polícia de Campo Grande, após uma fracassada
tentativa de assalto a um carro forte, que abriu caminho para localização do
seu esconderijo. A sua morte causou comoção entre seus liderados.
No
dia seguinte, vários áudios foram divulgados, destinados às regiões da Chapada
Diamantina e de Irecê, especialmente às localidades rurais dos municípios de
Canarana, Cafarnaum (sua terra natal), Souto Soares, Iraquara, Mulungu do Morro
e Seabra. Os conteúdos dos áudios apontam para forte ameaça destinada a
organizadores de festas.
“Salve
família... Seabra, Chapada Diamantina e região, passe uma visão aí, nós só quer
enterrar nosso coroa cangaceiro em paz. Não é para ter festa nem aí, nem em
canto nenhum, senão o carro preto vai passar... tá entendendo? Estamos de luto,
daquele jeito”, diz um dos áudios divulgados através do aplicativo WhatsApp.
Em
outro, um dos comparsas ressalta que “a covardia que fizeram com nosso velhinho
não vai ficar de graça não, vai ter uma cobrança doida, viu”. Por conta dessas
e outras ameaças, diversos eventos foram cancelados.
O
agente de produções “Leo”, comunicou o cancelamento de uma festa que ocorreria
em Iraquara: “pessoal, bom dia! Aqui é Leo, agente de produções, eu venho, por
meio deste áudio aqui, comunicar o cancelamento da festa das patroas, que
aconteceria em Iraquara, a festa das patroas”, disse ele em áudio, no qual
afirma que recebeu ligações ameaçando de morte ele e a sua família, e que por
isso estava cancelando a festa. No mesmo áudio, ele orienta as pessoas que
compraram os ingressos, a procurarem os locais de vendas para devolução dos
ingressos e dos recursos financeiros. “Espero que todo mundo entenda... foi uma
noite intensa e desejo que ninguém passe por isso”, disse o produtor
cultural.
EM ÁUDIO, POLÍCIA MILITAR RESPONDE
Em
resposta, o Major Maltez, fez divulgar um áudio, em que busca tranquilizar a
população e dar um recado aos seguidores de Zé de Lessa: “a polícia está de
olho, está ciente dos áudios. Nós não iremos permitir que vagabundo venha para
cá, para poder alterar a ordem pública. Nós não iremos permitir! Peço
encarecidamente pra gente não ficar repassando estes áudios (da turma do BDM)
e, em todos os grupos de WhatSapp e noticiários que tiverem, repassem isso: que
a polícia civil e militar na região está atenta e vai fazer várias operações no
sentido a coibir qualquer ato que venha a denegrir a ordem pública aqui na região”,
pediu o Comandante.
Maltez
ficou conhecido por ter comandado uma operação que frustrou uma tentativa de
assalto ao Banco do Brasil em Irecê, em 20 de março de 2017, por assaltantes
orientados pela quadrilha, ato que resultou no desencadeamento de operações
policiais da Bahia que causou duro golpe às organizações criminosas, com a
eliminação de vários dos seus componentes em diferentes cidades da região de
Irecê, inclusive com mortes de participantes na tentativa frustrada de assalto
do BB, quando um dos seus principais componentes foi alvejado por um agente da
Polícia Militar.
Leia abaixo, matéria do Correio da Bahia, com mais detalhes
sobre a saga de Zé de Lessa.
Centenas
de homicídios e tentativas do mesmo crime, extorsão mediante sequestro, roubos a
bancos, carros-fortes e transportadora de valores, tráfico de drogas, armas e
munições, associação ao tráfico, falsidade ideológica e corrupção de menores.
Por
esses crimes e pela violência que empregava à frente da facção Bonde do Maluco
(BDM), cuja base é em Salvador e Região Metropolitana, com ramificações no
interior do estado, o baiano José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, era
considerado pelas autoridades públicas como o maior criminoso em atuação na
Bahia.
Nascido
em Carfanaum, cidade do centro-norte do estado, ele foi morto pela Polícia
Militar na manhã desta quarta-feira (4), junto com mais quatro comparsas, numa
área rural do estado do Mato Grosso do Sul, após ter seu esconderijo descoberto
pelos policiais.
Há
um ano que Zé de Lessa estava numa chácara numa área de fronteira com o
Paraguai muito frequentada por traficantes, entre as cidades de Aral Moreira e
Coronel Sapucaia, no sul do Mato Grosso do Sul.
Os
policiais chegaram até o local após Zé de Lessa e seu bando tentarem explodir
um carro-forte da empresa Brink’s na manhã de segunda-feira (2).
O
crime foi realizado na rodovia MS-156, entre as cidades de Caarapó e Amambai,
mas os bandidos fugiram sem levar nada porque os explosivos não foram capazes de
abrir a porta do veículo blindado. A polícia suspeita que tenha havido alguma
falha durante a explosão.
De
acordo com a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Zé de Lessa e seu bando, em
2017, já tinham cometido o mesmo crime e contra a mesma empresa. Não foi
informado se naquela ocasião alguma quantia foi levada.
Desta
vez, não demorou nem 24 horas para o esconderijo de Zé de Lessa ser localizado
pela polícia, que desde terça-feira (3) já observava o local, aguardando o
momento certo para entrar na chácara.
A
propriedade rural pertencente a Alcindo Oliveira Coinete, funcionário público
da Prefeitura de Coronel Sapucaia e que foi preso. Segundo a polícia, ele dava
suporte logístico ao bando de Zé de Lessa e tem participação direta na
tentativa de explosão ao carro-forte da Brink’, na
segunda.
Muitos tiros
Com
mandados de busca e apreensão, a polícia invadiu a chácara nas primeiras horas
da manhã e, segundo relata o delegado Fábio Peró, titular da Delegacia de
Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), eles foram recebidos
a tiros.
“Foi
muito tiro trocado”, ele disse. “Vieram tiros tanto dos criminosos que estavam
na chácara quanto de traficantes do Paraguai, pois lá é divisa com o Brasil,
muitos foragidos da Justiça ficam naquela região e também nos atacaram”.
A
chácara tem estrutura simples, com paredes de bloco sem reboco, telhados de
zinco na frente, de chão batido ao redor e próximo a ela há mais dois casebres
de madeira. Dentro dela havia poucos móveis, todos simples, sem luxo algum.
Após
a troca de tiros, Zé de Lessa foi encontrado com duas escopetas calibre 12 e
uma pistola 9 mm perto dele. Os outros bandidos não foram identificados. (Fonte: Jornal Cultura & Realidade)
Chácara onde Zé de Lessa foi morto (Foto: Divulgação) |
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