Festival do Olodum consagra música do boquirense Romário Rocha e Sandoval Melodia para o Carnaval 2020
“Abre
alas, Dinkneshes vão passar!”. Nos desfiles do Bloco Olodum deste Carnaval de 2020,
este é o refrão que ecoará. A canção Lendárias do Tempo, dos compositores
Sandoval Melodia (Salvador-BA) e Romário
Rocha (Boquira-BA), foi eleita a melhor no Festival de Música e Arte do Olodum
(Femadum), realizado neste domingo (26). Colecionador de 13 troféus no
festival, inclusive o do ano passado com a música Perfume das Rosas, Sandoval
levou mais um.
A
palavra Dinknesh que aparece num dos refrões da canção, é um outro nome para
Lucy, o fóssil humano mais antigo já encontrado, e quer dizer “Tu é
maravilhosa”. Encontrada na Etiópia e tida como a matriarca original, Lucy foi
uma das figuras femininas homenageadas pela dupla, que seguiu o tema da edição:
“Mãe, Mulher, Maria - Uma história das mulheres”.
Colegas
de trabalho no Museu de Arte Sacra (MAS-Ufba), Sandoval e Romário dizem que a
faixa é o resultado de muito estudo. Além da Dinknesh, foram homenageadas ainda
outras mulheres africanas, como as rainhas de Kemet e Sabá, as guerreiras
candance do Egito e figuras locais como Maria Felipa, Maria Quitéria e Catarina
Paraguassu.
“O
Olodum já vem homenageando as mulheres há bastante tempo, com músicas como
Deusa do Amor e Mel Mulher, que é minha, feita em 1989. Sempre me sinto feliz
em homenagear essas dádivas divinas, que são as mulheres. O Olodum me abriu
portas desde criança e viajei o mundo através das composições que fiz para o
grupo, então considero que o Femadum é mesmo uma vitrine”, comenta Sandoval.
Para Romário, que estreou no festival, o parceiro é um ídolo.
Ao
todo, foram 90 inscritos e três canções finalistas. Em segundo lugar ficou a
música Parto de Dor, de Alisson Lima, e em terceiro, Dilema das Marias, do trio
Valmir Brito, Ruy Poeta e de Jô Nascimento. Única mulher finalista, Jô
Nascimento, ex-Banda Reflexus, foi inscrita como intérprete. Cantora há 20
anos, ela retornou a Salvador recentemente e diz querer tentar o seu lugar na
arte a partir daqui.
“Fui
a única representante mulher que chegou até a final e sinto que isso é muito
importante diante do tema do Olodum, que abrange o valor da mulher na
sociedade. Como estreante, para mim, foi um grande feito chegar até aqui e contribuir
para essa festa. Esse terceiro lugar tem sabor de primeiro”, disse.
O
Femadum foi criado em 1980 para divulgar a diversidade da cultura afro baiana e
brasileira e dar oportunidade a talentosos artistas populares que buscam na
cultura afro a sua fonte de inspiração, possibilitando a compositores, músicos
e ao público em geral um reencontro com fatos da história do Brasil e do mundo,
por meio de composições populares.
O
presidente do bloco, João Jorge, classifica o evento como o mais importante
festival de Salvador no que diz respeito às raízes brasileiras. “Esse festival
é realizado nas primeiras ruas do país, num largo conhecido mundialmente. Aqui
gravaram Paul Simon e Michael Jackson, mas, mais do que isso, esse festival
revelou músicas como Faraó, Protesto do Olodum, Deusa do Amor, Avisa Lá. É um
celeiro musical e é dessas ruas que o povo diz o que quer e mostra os seus
novos ritmos”, afirmou.
Após
a premiação, a banda Ara Ketu entrou em cena para encerrar o Femadum. Neste
carnaval, tanto a banda quanto o Olodum completam 40 anos de história. O
festival, inclusive, concedeu o Troféu Ujamaa para Dona Vera Lacerda,
historiadora e fundadora do Ara Ketu.
Antes
do show, o vocalista Dan Miranda, do Ara, falou ao CORREIO sobre a importância
do festival. “O Olodum, junto com o Ara Ketu, serve de exemplo para entidades
musicais do país. É um trabalho sério e eu acho que somam muito não apenas para
a cultura da Bahia, mas para a valorização da cultura negra”, comentou.
Ensaie
para o Carnaval! Confira a letra da canção vencedora:
LENDÁRIAS
DO TEMPO
Autores:
Sandoval Melodia e Romário Rocha
MINHA
ISIS, MINHA CANDACE, MAKEDA DE AXUM MÃE,
MULHER,
MARIA, EU SOU OLODUM (BIS)
OLODUM
ANUNCIA
SUA
HERANÇA ANCESTRAL
SOU
FILHO DE LUCY, MATRIARCA ORIGINAL
MEU
DNA NA ETIÓPIA SE FORMOU
DE
SIRIUS VEM MEUS TRAÇOS, DEUSA ISIS ME CRIOU
RAINHA
DE KEMET À RAINHA DE SABÁ
NZINGA,
SEKHEMET, YAA ASANTEWA
FELIPA,
CATARINA, QUITÉRIA GUERREIRA
RAINHAS,
PODEROSAS, QUILOMBOLAS, CANGACEIRAS
ABRE
ALAS, DINKNESHES VÃO PASSAR
OLODUM
MARÉ É PRA BALANÇAR (BIS)
MINHA
ISIS, MINHA CANDACE, MAKEDA DE AXUM MÃE,
MULHER,
MARIA, EU SOU OLODUM (BIS)
DEUSA
DO AMOR, CONSTELAÇÃO, NO MEU CÉU DE ESTRELAS
ROSA,
MEL MULHER DE RARA BELEZA
OLODUM
É A PARTITURA DO MEU CORAÇÃO
PERCEBO
EM SEU OLHAR, UM BRILHO, SENTIMENTO TÃO PURO
TAMBORES
ANUNCIANDO VOCÊ PARA O MUNDO
MÃE,
MULHER, MARIA ÉS MINHA CANÇÃO
ÔH
Ê ÔH OLODUM, VEM ME BANHAR DE AMOR ÔH Ê ÔH
OLODUM
DEUSA LINDA DO PELÔ (BIS)
(Fonte:
Jornal Correio24h)
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