Empresa ´bombardeia´ nuvens com água para barrar chuvas em São Paulo durante o carnaval
Uma
empresa promete deslocar as chuvas previstas para atingir a capital paulista
para outras regiões, como, por exemplo, o Sistema Cantareira, no interior do
estado, durante o carnaval de São Paulo.
"A
ideia é fazer chover no lugar certo, como no reservatório Cantareira, por
exemplo, e liberar os foliões para apreciar o carnaval de forma mais
completa", disse o vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da
Cervejaria Ambev, Rodrigo Figueiredo, em entrevista ao G1. A Skol, da Ambev, é
patrocinadora oficial do carnaval de São Paulo.
De
acordo com a Modclima, que realiza o serviço, a ação consiste em depositar
gotículas de água potável nas nuvens da região em que se deseja que chova.
Segundo a empresa, a ação aumenta o tamanho das nuvens e, consequentemente, a
chance de chover dentro da área do projeto.
Um
radar meteorológico capta nuvens carregadas de água, com potencial de chuva,
que se deslocam em direção a São Paulo. Antes disso, as nuvens recebem as
gotículas e podem desaguar antes de chegar na cidade.
A
empresa defende que o método é natural e que não traz danos ao meio ambiente.
"Este é um método livre de químicos e se utiliza apenas água potável
aplicada em forma de gotículas de diâmetro controlado. Dessa forma,
"imita-se" o processo natural de crescimento vertical da nuvem e
precipitação, resultando na indução da chuva. Sem efeitos colaterais ou danos
ao meio ambiente", completa Majory.
Cada
aeronave despeja cerca de 300 litros de água na atmosfera que é depositada em
nuvens que possuem de 1 a 6 quilômetros de diâmetro. A empresa que realiza o
serviço defende que a eficácia do processo é alta.
"A
cada 10 chuvas semeadas, 7 chuvas ocorrem. A ação é localizada, trabalhando em
nuvens de 1 a 6 km de diâmetro que, após o período de 15 a 20 minutos, induz a
chuva no local", afirma a CEO da Modclima.
Esta
é a primeira vez que a empresa realiza uma ação como essa para garantir o sol
durante o carnaval. A empresa atua no mercado há 12 anos e já realizou projetos
desse tipo para outros fins, como, por exemplo, na época da crise hídrica em
que foi contratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp).
"É
muito controverso no meio científico a real funcionalidade disso. O método pode
fazer apenas pequenos ajustes em nuvens. Se for uma nuvem muito carregada, por
exemplo, ele pode fazer ela chover, mas ela vai chover na Cantareira, e
provavelmente atingirá São Paulo. Por outro lado, tem nuvens que podem nem
chover. Então, tem que ser uma nuvem que já ia chover um pouco", completa
o professor.
Aplicação
Em
1998, quando o projeto começou a sair do papel, a técnica foi implementada pela
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que contratou a
empresa dos Imai para provocar chuvas artificiais na cabeceira dos sistemas
Cantareira e Alto Tietê, responsáveis pelo abastecimento de 18 milhões de
pessoas na Grande São Paulo. Foram mais de 500 voos, com ocorrências positivas
de chuva em 50% deles.
As
chuvas também foram empregadas no Nordeste a pedido de prefeituras da Bahia. Os
municípios de Mirorós e Gentio do Ouro, localizados no semiárido brasileiro,
sofriam com a seca intensa entre 2008 e 2009 e com a redução do nível da
represa que abastecia esta região.
A
técnica foi apresentada em 2010 na Convenção de Combate à Desertificação das
Nações Unidas (UNCCD), realizada na Alemanha.
Chuvas durante o carnaval
Os
aviões já estão realizando o trabalho desde a véspera do pré-carnaval na
sexta-feira (14) e, na capital paulista, houve só chuvas esparsas.
De
acordo com o Climatempo, não há previsão para temporais durante o carnaval na
capital paulista. Na noite de sexta-feira (21) é esperada chuva fraca a
moderada, assim como durante todo sábado (22). No domingo (23), a previsão é
que o tempo fique nublado com chuva fraca.
Na
segunda (24) e na terça-feira (25), ainda segundo o Climatempo, o sol deve
aparecer, mas pancadas de chuvas podem acontecer ao longo do dia. Do G1 SP.
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