'Acabou matéria do Jornal Nacional', diz Bolsonaro sobre atrasos na divulgação de mortos por coronavírus
Fotos reproduzidas da web |
O
presidente Jair Bolsonaro foi questionado nesta sexta-feira (5) por jornalistas
sobre os atrasos na divulgação de dados sobre a pandemia do novo coronavírus.
Sem
que ninguém fizesse qualquer menção a nenhum órgão de imprensa específico, o
presidente disse: "Acabou matéria do Jornal Nacional".
Depois,
o presidente alegou que o atraso se devia à necessidade de pegar os dados mais
consolidados, mas não explicou por que, por mais de 70 dias, foi possível
consolidar os dados mais cedo. E nem por que os números que são divulgados às
22h constam de uma planilha que atualiza dados até as 19h.
Em
seguida, como faz habitualmente, Jair Bolsonaro criticou o jornalismo da Globo
e acrescentou: "Ninguém tem que correr para atender a Globo".
Sobre
a declaração, a Globo divulgou a seguinte nota:
"O
público saberá julgar se o governo agia certo antes ou se age certo agora.
Saberá se age por motivação técnica, como alega, ou se age movido por
propósitos que não pode confessar mais claramente. Os espectadores da Globo
podem ter certeza de uma coisa: serão informados sobre os números tão logo
sejam anunciados porque o jornalismo da Globo corre sempre para atender o seu
público".
Dados das últimas 24 horas
Bolsonaro
também defendeu excluir do balanço diário sobre os dados do coronavírus no
Brasil os números de pessoas que morreram em dias anteriores.
O
balanço diviulgado atualmente pelo Ministério da Saúde inclui os dados das últimas
24 horas e os números acumulados.
"Ontem
[quinta-feira], praticamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores.
Tem que divulgar o [número] do dia. O resto, consolida para trás", afirmou
o presidente.
Bolsonaro
não explicou, contudo, como os óbitos dos dias anteriores devem ser computados
pelo Ministério da Saúde.
Em
relação à alteração no horário de divulgação dos boletins, Bolsonaro afirmou
que "é para pegar o dado mais consolidado".
Inicialmente,
o boletim era divulgado às 17h. Depois, passou a ser apresentado às 19h. Nos
últimos dias, a divulgação só tem sido feita às 22h.
Nesta
sexta, o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, disse que
"cogita propor" ao TCU e aos tribunais de contas estaduais que sejam
requisitados e consolidados os dados estaduais para divulgação diária dos dados
até as 18h.
Mortes por milhões de habitantes
Bolsonaro
também disse que falta seriedade na apresentação dos números de mortos feita
pela imprensa.
“Parece
que esse pessoal que faz... o Globo, Jornal Nacional gosta de dizer que o
Brasil é recordista em mortes. Agora, falta inclusive seriedade. Bote mortes
por milhões de habitantes. Nem isso faz. É a mesma coisa que querer comparar
mortes no Brasil que tem 210 milhões de habitantes com países que tem 10
milhões”, disse Bolsonaro.
Pela
análise do número de mortes por milhões de habitantes, o Brasil também figura
entre os países com maiores índices de mortes.
Veja a seguir:
Reino
Unido: 598,7 mortes por milhão de habitantes;
Espanha:
578,03 mortes por milhão de habitantes;
Itália:
558,13 mortes por milhão de habitantes;
França:
433 mortes por milhão de habitantes;
Estados
Unidos: 325,64 mortes por milhão de habitantes;
Brasil:
153,88 mortes por milhão de habitantes.
OMS
Na
mesma entrevista, concedida em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez
críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O
Trump [presidente dos Estados Unidos] cortou a grana deles, voltaram atrás em
tudo. E adianto aqui: os Estados Unidos saíram da OMS. A gente estuda no futuro
– ou a OMS trabalha sem o viés ideológico – ou nós vamos estar fora também. Não
precisamos de gente de fora dar palpite na saúde aqui dentro”, disse o
presidente.
Na
sequência, Bolsonaro foi questionado se pretende fazer com que o Brasil deixe a
OMS. Ele afirmou:
“É
o seguinte: ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política,
partidária, assim, vamos dizer, até partidária, ou nós estudamos sair de lá”,
frisou. (Fonte: G1)
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