Oeste da Bahia: Chuva coloca fim a 14 dias de incêndios nos municípios de Cocos e Coribe
Cocos
é o sétimo maior município da Bahia e o 129º do país, possuindo território de
10.084 km². A título de comparação, da mais de 8 vezes a área ocupada pelo
município de Guanambi, que é de 1.297 km².
O
fogo atingiu desde a margem esquerda do rio Carinhanha, até a margem direita do
rio Formoso. O rio Itaguari, afluente do Carinhanha localizado entre as duas
bacias, foi o mais atingido, tento perdido a vegetação de matas ciliares e
nascentes, por mais de 40 quilômetros de seu leito e de seus afluentes.
Tamanho
território e as grandes áreas de vegetação colocou o município em primeiro
lugar na Bahia em número de focos de incêndio. Ao longo do ano, foram 552
detectados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), mais de 10 mil por pela rede de satélites. Comparado a 2019,
houve aumento de 115% nos focos.
Segundo
Agenor Neto, secretário municipal de Meio Ambiente de Cocos, o município
solicitou ajuda ao Governo do Estado para controlar a situação. O apoio
chegaria neste sábado, uma equipe de cinco combatentes do Corpo de Bombeiros
Militar seria enviada ao município, com a chuva, a operação foi cancelada.
Ainda
neste sábado, o governador Rui Costa (PT) editou um decreto estabelecendo
situação de emergência em 77 municípios do Estado por conta dos incêndios
florestais. A maioria das localizadas cobertas pelo decreto está nas regiões
Oeste e Sudoeste do Estado.
A chuva
Logo
na manhã deste sábado, uma chuva significativa atingiu a região onde ocorria um
dos maiores incêndios. O fogo destruiu cerca de 15 mil hectares das cabeceiras
do riacho Santo Antônio, na divisa dos municípios de Cocos e Coribe. As imagens
do fogo publicadas nas redes sociais impressionaram por conta da densa coluna
de fumaça e da altura das chamas.
Durante
o fim da tarde e o início da noite, voltou a chover em várias regiões do
município, inclusive na região sudoeste, onde está localizado o Parque Nacional.
Não
há pluviômetros oficiais nas regiões atingidas pelos incêndios, segundo
moradores de comunidades do município, houve chuvas de até 20 mm em algumas
localidades. Imagens de satélite mostram a circulação de nuvens densas pela
região do município.
O
fogo colocou fim a uma rotina exaustiva de trabalho dos brigadistas do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, única área
onde havia tentativa qualificada de controle do fogo. Desde o surgimento dos
primeiros focos, as equipes trabalhavam na área do parques tentando impedir o
avanço das chamas, trabalho dificultado pelo tempo quente e seco que predominou
na região nos últimos dias.
Na
última sexta-feira (11), Ernane Faria, chefe do Parque, disse que o fogo já
havia atingido cerca de 50 mil hectares do território baiano da unidade de
conservação federal. Estimativas obtidas pelas imagens de satélite neste sábado
apontam que o fogo pode ter consumido cerca de 70 mil dos 130 mil hectares no
município de Cocos, e pelo menos mais uns 10 mil hectares na área do município
de Formosa, Noroeste de Minas.
Os
brigadistas contaram com o apoio de brigadas de fazendas vizinhas, que cederam
tratores e até um avião agrícola para ajudar no combate às chamas. Uma equipe
do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo)
também foi integrada na operação durante a última semana.
Mesmo
perdendo áreas extensas de vegetação, o trabalho de combate conseguiu evitar
que as chamas chegassem às principais nascentes do rio Itaguari. Os brigadistas
fizeram aceiros em volta das matas, impedindo o avanço do fogo sobre a
vegetação.
O
Parque Nacional Grande Sertão Veredas ocupa uma área de quase 232 mil hectares,
nos municípios de Chapada Gaúcha, Formoso e Arinos, no estado de Minas Gerais e
Cocos, na Bahia, onde fica cerca de 56% de todo o seu território.
A
unidade de conservação é considerada de excepcional importância ecológica
(biodiversidade e recursos hídricos) e cultural, consolidando-se como uma das
mais importantes áreas preservadas da região conhecida como Gerais, do bioma
Cerrado.
O
Parque Nacional Grande Sertão Veredas foi criado em 1989, com uma área de
83.364 hectares. Em 2004, o parque foi ampliado passando a ter uma área total
de 230.671 hectares.
O
nome, é uma homenagem a uma das mais importantes obras literárias brasileiras,
o romance Grande Sertão Veredas, de João Guimarães Rosa, que retrata com
extrema sensibilidade a realidade regional onde a unidade está inserida,
repleta de passagens que descrevem os locais, a relação do homem com a natureza
e as características culturais, ainda hoje encontradas.
Além
de proporcionar a proteção de diversas espécies da flora e da fauna, algumas
ameaçadas de extinção, e de ecossistemas típicos do Cerrado, o Parque objetiva,
também, a pesquisa científica, a educação ambiental, a recreação em contato com
a natureza e o estímulo ao desenvolvimento regional em bases sustentáveis.
Sob
responsabilidade do ICMbio, o Parna tem sede localizada no município de Chapada
Gaúcha/MG, com acesso partindo de Arinos, São Francisco, Januária ou
Montalvânia, sendo que destas, a única estrada pavimentada é por Arinos. As
informações são da Agência Sertão.
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