Mundo: Nova variante do coronavírus no Reino Unido pode ser até 70% mais transmissível, diz Boris Johnson
O
primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse neste sábado (19) que a nova
mutação de coronavírus localizado no Reino Unido pode ser até 70% mais
transmissível, segundo análise preliminar.
Não
há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice
de mortes, nem mesmo que seja resistente às vacinas. Entretanto, se confirmada
por estudos científicos, a mutação não será a primeira a trazer vantagens para
a transmissão do Sars-Cov-2.
Durante
o pronunciamento neste sábado, Johnson afirmou que os planos para aliviar as
restrições de circulação durante o Natal seriam cancelados como tentativa de
frear a disseminação do vírus.
"Dadas as
primeiras evidências que temos sobre esta nova variante do vírus, e o risco
potencial que ela representa, é com o coração muito apertado que devo dizer que
não podemos continuar com o Natal como planejado" - Boris
Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido.
Agora
no nível 4 de restrições, os britânicos não poderão se reunir em locais
fechados com pessoas que moram em casas diferentes. Para áreas abertas,
reuniões só estarão liberadas por um dia.
Análise preliminar da mutação
De
acordo com o líder médico da Inglaterra, Chris Whitty, "como resultado da
rápida disseminação da nova variante, dados de modelagem preliminares e taxas
de incidência em rápido aumento no sudeste", o país "agora considera
que a nova cepa pode se espalhar mais rapidamente.”
Whitty
também disse ter alertado a Organização Mundial da Saúde (OMS), e que continuam
a "analisar os dados disponíveis para melhorar o entendimento" da
nova cepa do vírus.
"Deixar
de agir com decisão agora significará mais sofrimento. Devemos continuar nos
perguntando 'estamos fazendo o suficiente, estamos agindo com rapidez
suficiente?'", disse Jeremy Farrar, membro do Grupo de Aconselhamento
Científico para Emergências do governo (SAGE), em uma rede social.
OMS
diz que mutação é monitorada
No
começo da semana, antes do anúncio deste sábado, representantes da OMS disseram
que a nova variante era monitorada para saber se ela tornava o vírus "mais
complicado" ou permitia que ele se propagasse mais. Até então, não havia
nada que indicasse isso, de acordo com Mike Ryan, diretor de emergências da
OMS.
"Temos ciência
dessa variante de Covid-19 na Inglaterra. Esses tipos de mutações são comuns".
– Mike Ryan, diretor de emergências da OMS
"Essa
variação já está sendo monitorada. Pesquisadores já estão fazendo o
sequenciamento genético e não há nenhuma evidência de que esta variante se
comporte diferente", disse Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS.
Mutações já ajudaram o vírus
Se
confirmadas pelos estudos científicos, as evidências divulgadas por autoridades
do Reino Unido sobre vantagens de uma mutação não serão a primeira na história
da doença. Uma pesquisa publicada no mês passado na revista científica
“Science” apontou que a variante D614G do Sars-CoV-2 se replicava cerca de 10
vezes mais rápido e era mais infecciosa (mais fácil de ser transmitida).
Entretanto, a D614G não é nova.
Ester
Sabino, médica e cientista da Faculdade de Medicina da USP, lembra que ela
surgiu na China em fevereiro, e, aos poucos, metade dos casos passaram a ter
essa mutação. "Aqui no Brasil a epidemia já começou com essa mutação
(D614G), então 95% das pessoas já têm essa mutação”, explicou a pesquisadora.
No
caso da D614G e das outras já avaliadas, os pesquisadores não encontraram
indício de que elas tenham tornado o vírus mais perigoso ou resistente às
vacinas em desenvolvimento. (Fonte: G1)
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