Jovem de 25 anos morre de Covid dois dias após perder o pai
Em
menos de 48 horas, pai e filha morreram vítima da Covid-19 em Natal. Estudante
de medicina e com apenas 25 anos de idade, Emilly Cavalcante Belarmino não
resistiu à doença e faleceu na madrugada desta quarta-feira (31) em Natal, após
perder o pai - o médico e ex-prefeito de Ruy Barbosa - João Joaquim Cavalcante
Neto, de 61 anos, na segunda (29).
Emilly
Belarmino cursava o 5º ano de Medicina na Argentina e estava no Brasil desde o
segundo semestre de 2020, por causa da pandemia. Ela começou a apresentar
sintomas no mesmo dia que o pai, em 3 de março. No dia 12, o quadro de saúde se
agravou e ela foi levada para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Cidade
da Esperança.
Da
unidade, Emilly foi encaminhada para o Hospital de Campanha de Natal, onde o
pai já estava internado, e ficou inicialmente em uma enfermaria. No dia 16, ela
precisou ser intubada e apresentava em estado mais grave que o do pai. A jovem
não resistiu e faleceu por volta de 1h40 desta quarta (31).
Segundo
a família, a jovem não tinha comorbidades.
Na
família, a mãe foi a única que não adoeceu. Emanuelly Cavalcante, irmã de
Emily, também pegou a doença e foi a primeira a apresentar sintomas, em 27 de
fevereiro. "A gente nunca imagina como a doença vai reagir. Em momento
algum, a gente imaginou que passaria por uma tragédia dessas na nossa família.
Por isso eu gostaria de reforçar que as pessoas tivessem cuidado. É uma dor muito
grande", afirmou Emanuelly.
"Doutor
João", como era conhecido o pai, estava atuando desde o início do ano nas
UPAs de Cidade da Esperança e do bairro Potengi, além do Hospital dos
Pescadores e unidade básica de saúde de Mãe Luiza. Ele era clínico geral, mas
atuava no setor de pediatria em todas as unidades. De acordo com a filha
Emanuely, o médico havia tomado as duas doses da coronavac: a primeira no dia
25 de janeiro e a segundo em 15 de fevereiro.
No
dia 3 de março, João começou a apresentar sintomas da Covid-19 e o quadro se
agravou no dia 10, quando foi internado na UPA de Cidade da Esperança. No dia
seguinte, foi transferido para o Hospital de Campanha, sendo intubado. Ele
apresentou melhora e chegou a ser extubado, mas voltou a passar pelo
procedimento e faleceu na segunda-feira (29).
De
acordo com especialistas, a proteção da pessoa que toma a vacina começa, em
média, duas semanas após a aplicação da segunda dose no paciente, mas pode
variar de pessoa para pessoa de acordo com faixa etária e o sistema
imunológico. "Com duas semanas, já se detecta a proteção, mas a maior
quantidade de anticorpos é registrada um mês após o término da vacinação, com
variações individuais", explica Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira
de Imunizações (SBIm).
O
corpo de Dr. João foi sepultado na segunda-feira (29) em Sítio Novo. O
sepultamento de Emilly deverá acontecer no mesmo local nesta quinta-feira (1º).
Nas redes sociais, Emanuelly afirmou que o pai e a irmã tinham uma ligação muito
forte, quase "sobrenatural".
"A gente não entende as coisas de Deus no momento, mas cabe a nós ficar com as memórias boas dos dois e agradecer por todo tempo que tivermos com eles. Foram momentos muito felizes. Não tenho como mensurar o amor que eu tenho por eles e a gratidão a Deus por eles terem vivido uma vida plena de felicidade", declarou. (G1)
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