Baiano pede ajuda para realizar cirurgia de reconstrução facial após ser atacado por cães da raça pitbull: 'Achei que ia morrer'
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Imagem do animal ilustrativa |
No
dia 8 de março de 2007, o segurança Agnaldo Silva, de 52 anos, se preparava
para mais um dia comum de trabalho. No entanto, quando estava prestes a sair de
casa, no bairro de Areia Branca, em Lauro de Freitas, região metropolitana de
Salvador, ele foi surpreendido pelo ataque de dois cães da raça pitbull, que o
deixou desfigurado.
“Foi
pavor e muito pânico. Achei que ia morrer, que não veria mais meus filhos.
Fiquei muito angustiado e agonizava, pedindo a Deus para me livrar daquela
situação”, conta.
Agnaldo
lembra que, como de costume, antes de se dirigir ao serviço fez a limpeza do
canil onde os animais ficavam abrigados. Eles deixaram o espaço tranquilamente,
porém, quando foram chamados de volta, houve recusa por parte dos cães, que não
quiseram entrar no local.
O
segurança, então, elevou a voz para que os cachorros o obedecessem, só não
esperava uma reação. “Eles entraram e quando abaixei a cabeça para botar a água
deles, fui atacado. Morderam a face, o pescoço… Para eu não ficar mais
‘estragado’, dei o braço. Ficou um na minha cabeça e outro no braço”, relata.
Os
cães viviam com Agnaldo há cerca de seis meses. Ele afirma que o comportamento
deles era normal e que não demonstravam agressividade. Por isso, ficou surpreso
quando tudo aconteceu.
“Eles
eram amigáveis comigo e com minha esposa. Ficavam soltos na área, eram normais.
Não tenho o que dizer sobre o comportamento deles até ali”, reforça.
Para
Agnaldo, foi um milagre ter saído vivo do ataque. Ele conta que um vizinho viu
a situação por cima do muro e chamou policiais que estavam próximos ao local.
Ainda segundo a vítima, o ataque só parou quando os policiais atiraram contra
os cachorros, que não resistiram.
Após
o ocorrido, Agnaldo foi socorrido por pessoas que moravam na região. “Me
pegaram, me botaram no carro e no meio do caminho me colocaram em uma
ambulância do Samu. Fui levado para o Hospital Geral do Estado (HGE)”, diz. Por
causa da gravidade dos ferimentos, ele passou quatro meses internado.
“As
orelhas, eu perdi as duas abas, o nariz, a boca foi totalmente danificada, a
perna também. Os médicos fizeram uma operação de emergência”, diz.
Cirurgia, autoestima e bem-estar
Atualmente,
o maior sonho de Agnaldo é fazer uma cirurgia de reconstrução facial. Por causa
disso, a filha dele, Agda Costa, de 28 anos, criou um perfil em uma rede social
para divulgar a história.
"Ele
precisa muito dessa cirurgia, porque os médicos me disseram que não seria
possível fazer todo esse procedimento pelo SUS. Teria que ser particular, mas
ele não tem condições de pagar", explica.
Segundo
Agda, a cirurgia é feita por cerca de R$ 70 mil e a família não tem condições
de arcar com os custos. Então, ela criou uma campanha virtual para arrecadar
dinheiro.
“Consegui
fazer algumas cirurgias pelo SUS, mas essa é mais complexa. Fui orientado que o
processo era complicado, que ia demorar muito, por falta de cirurgião e
profissionais para fazer isso, que seria muito caro. Não tenho condições alguma
de pagar”, disse o homem.
Para
Agnaldo, realizar a cirurgia não é importante apenas para recuperar a
autoestima, mas também melhorar a qualidade de vida.
“Quando
eu tomo banho, a água me incomoda muito, entra água no ouvido. O vento também
incomoda muito, porque minha pele ficou sensível após o ataque”, conta.
“Às
vezes acontece até de ferir a pele. Eu começo a ficar coçando, me balançando
para a água sair. A sujeira no ouvido também, porque não entra cotonete, então
me causa muito incômodo", complementa.
Pai
de sete filhos, Agnaldo vive do benefício do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), já que se aposentou por invalidez. Além disso, ele conta com o
apoio da esposa para sustentar a família.
“Só
em conseguir fazer a cirurgia, vai ser uma grande felicidade, alegria enorme
nas nossas vidas ”.
Além
da face, Agnaldo sofre com limitações físicas após ataque. Ele relata que ficou
debilitado e chegou até a perder parte dos movimentos das pernas e dos braços.
“Fisicamente, eu fiquei bastante ruim, porque tanto o braço, como a perna, eu
perdi os movimentos, por causa da redução dos tendões”.
“Eu
usei muletas após o ataque, fui fazer fisioterapia e melhorei um pouco mais.
Atualmente eu ando, mas não ando muito bem, tem que ser com o auxílio de alguém
me segurando, me apoiando".
'Me veem como um monstro'
Apesar
do susto, o segurança garante que não ficou traumatizado. Não é à toa que ele
tem três cães vira-lata em casa. “Não tenho medo, nem pânico dos animais. O que
mais me causou trauma foi me ver naquele estado ruim, com o rosto todo
desfigurado, isso me causou muita tristeza. Muita mesmo”.
Para
ele, outra questão difícil de lidar é com os olhares das pessoas. Ele conta que
muita gente passou a olhá-lo com desprezo após o ataque.
“Tem
pessoas que parece que me veem como um monstro. É assim que eu me sinto quando
recebo esses olhares. Até hoje eu luto contra essa indiferença que as pessoas
me olham, por não ter as orelhas e ter o rosto desfigurado, cheio de
cicatrizes”. (G1 Bahia)
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