Paramirim-BA: Sesab investiga morte de mulher de 36 anos, com suspeita da “doença do fungo negro”
Uma
mulher de 36 anos morreu na última sexta-feira (24) suspeita de mucormicose,
doença mais conhecida como fungo negro. A paciente estava internada no Hospital
Aurélio Justiniano Rocha, no município de Paramirim, no sudoeste baiano. Uma familiar,
que preferiu não se identificar, relatou que ela passou por uma tomografia dias
antes de falecer e os médicos avisaram à família sobre a suspeita da doença,
que vem sendo relacionada ao coronavírus desde que milhares pessoas na Índia
desenvolveram a enfermidade.
A
vítima de Paramirim era feirante e tinha dois filhos, com quem morava junto ao
marido. De acordo com a família, o primeiro sintoma foi uma paralisia, seguida
de forte irritação e inchaço nos olhos, além de dificuldade para respirar pelo
nariz e uma forte desidratação. “Foram 25 dias entre o início dos sintomas e a
morte. O diagnóstico só veio na quinta passada, após uma tomografia. Os médicos
concluíram que era suspeita desse fungo e precisaria ser transferida para
Salvador com urgência, mas na sexta à tarde ela faleceu. Ela era muito nova,
faria 37 anos no mês que vem”, disse uma familiar, que afirmou que, até onde saiba,
a mulher não teve covid.
De
acordo com a Vigilância e Controle das Micoses Sistêmicas e Centro de
Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) do Ministério da Saúde
(MS), os números de casos de fungo negro dispararam no Brasil em 2021. Em todo
o ano de 2020, foram 36 casos. Já neste ano, 82 pessoas foram diagnosticada com
o fungo até o último dia 14 de setembro. Destes, 42 casos tiveram coinfecção
por coronavírus. Segundo o próprio MS, há um risco de subnotificação porque,
assim como outras micoses endêmicas, a mucormicose não é objeto de vigilância
de rotina. Dessa forma, esses dados não representam o total de registros da
doença no Brasil. Tratam-se, portanto, dos casos que chegam ao conhecimento da
pasta por meio da solicitação de medicamentos ou pelos Cievs locais. De acordo
com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), dois casos suspeitos
foram investigados no estado. Além da mulher em Paramirim, um outro caso no
Oeste do estado teve confirmação laboratorial: um homem de 44 anos, diabético,
morreu vítima de fungo negro no dia 9 de maio de 2021. O caso aconteceu no
município de Baianópolis, a 817km dea capital.
O que é e quais os sintomas?
Médico
infectologista e professor na Escola Bahiana de Medicina e Faculdade de
Medicina de Tecnologia e Ciência, Antônio Bandeira explica que o apelido
popular de fungo negro foi dado ao fungo porque ele produz um pigmento
enegrecido. A infecção não é contagiosa e os principais alvos são pacientes com
algum tipo de imunossupressão, ou seja, o enfraquecimento do sistema de defesas
do organismo. “É um fungo que preocupa muito, o tratamento tem que ser feito de
maneira rápida, com diagnóstico preciso e direcionado. A letalidade chega a 50%
a depender do quadro clínico do paciente, por isso é muito importante ser
diagnosticado de maneira precisa e rápida para o tratamento acontecer com a
maior antecedência possível”, disse o infectologista.
De
acordo com o MS, trata-se de infecção oportunista e sua ocorrência é mais comum
entre pessoas com diabetes mellitus descompensada. Atualmente, está em expansão
e acomete indivíduos com outros fatores de risco, tais como: quimioterapia,
transplantes de órgãos, imunoterapia, uso prolongado de antibióticos,
procedimentos cirúrgicos e infecções que promovem enfraquecimento do sistema
imunológico. A falta de insulina é uma condição que favorece o desenvolvimento
do fungo, não apenas em indivíduos imunodeprimidos, mas também entre os
indivíduos saudáveis. Por essa razão, o diabetes mellitus é o principal fator
de risco para adoecimento por mucormicose.
A
infecção ocorre por inalação dos esporos (estruturas reprodutoras) do mofo ou
contato com alimentos contaminados. Mesmo mortal, a mucormicose tem tratamento
medicamentoso com custo de quase meio milhão e envolve ainda cirurgias, que,
conforme a gravidade, chegam a mutilar o paciente. Um fator que pode ter levado
a suposta vítima de Paramirim a pegar a doença foi o fato dela trabalhar com a
terra, já que era uma feirante que trabalhava com hortaliças. Segundo o MS,
exposição à poeira proveniente de escavação do solo e realizar manipulação de
vegetais, terraplanagem, jardinagem e de local de construção são fatores de
risco. Os principais sinais e sintomas são lesões necróticas invasivas no nariz
e no palato acompanhadas de dor e febre. Infecção nos olhos, deslocamento do
globo ocular e secreção nasal com pus também podem ser indicativos da doença.
Podem ocorrer sintomas pulmonares graves que incluem tosse com secreção, febre
alta, falta de ar ou dificuldade para respirar, além de infecção disseminada em
pessoas que tenham comprometimento grave do sistema imunológicos. (Fonte: Correio24Horas)
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