Bolsonaro: “Se não houver reajuste, não haverão combustíveis nas bombas”, justifica presidente
O
presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira, 10, que, sem aumento
de preços dos combustíveis, poderia haver desabastecimento no País. “É pior.
Alguns querem que eu vá à Petrobras e dê murro na mesa, não é assim”, declarou,
sinalizando que sofre pressão por intervenção na estatal.
Após
57 dias de preços congelados, a Petrobras aumentou hoje o preço do diesel em
24,9% e o da gasolina, em 18,7%. O anúncio levou o governo a ampliar a pressão
para aprovar o pacote dos combustíveis no Congresso, como mostrou a reportagem.
Os projetos alteram a cobrança do ICMS incidente sobre os combustíveis, criam
um fundo de estabilização e um vale-gasolina.
Apesar
de falar no risco de desabastecimento, Bolsonaro criticou o reajuste e disse
que a estatal poderia ter deixado a medida para semana que vem – ou seja, para
depois da votação no Congresso do chamado pacote dos combustíveis. Os textos já
foram aprovados no Senado e estão sob análise dos deputados. “Como seria bom se
a Petrobras reajustasse na segunda ou terça-feira, né? Mas não posso
interferir”, disse o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais, após
lamentar, mais uma vez, ser impedido de interferir na empresa mesmo sendo
acionista majoritário.
De
acordo com Bolsonaro, se o anúncio da Petrobras fosse na semana que vem, “tudo
estaria resolvido”. “Se a Câmara aprovar hoje, não importa a hora, assino [a
sanção]”, garantiu o presidente. “O projeto dá uma disciplinada nisso tudo”,
acrescentou, sobre as mudanças no ICMS. Nas contas do presidente, citadas antes
pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, os projetos em tramitação no
Parlamento têm o potencial de reduzir em R$ 0,60 o imposto por litro de diesel,
sendo R$ 0,33 da União e R$ 0,27 dos Estados. O reajuste anunciado pela
Petrobras, por sua vez, aumentaria o litro do diesel em R$ 0,90.
“Como
o diesel sobe a partir de amanhã R$ 0,90 por litro, o que é um absurdo, se
cobra mais R$ 0,30. É bastante, mas diminui impacto”, disse o presidente.
Crítico da política de preços da Petrobras, que atrela os reajustes no País ao
barril do petróleo no exterior, Bolsonaro também afirmou ter ciência de que
muitos caminhoneiros vão realizar paralisações. “Sei disso e lamento”,
declarou. O petróleo está em franca escalada no mercado internacional em
consequência da guerra na Ucrânia e das sanções econômicas adotadas contra a
Rússia. A defesa do projeto pelo chefe do Executivo vem depois de meses de
críticas reiteradas à cobrança percentual do ICMS pelos governadores e a inação
do Supremo Tribunal Federal (STF) em julgar uma ação apresentada pelo governo
que obrigaria o Congresso votar as mudanças no imposto. O presidente ainda
disse que o Brasil “não precisaria estar sofrendo” porque é autossuficiente em
petróleo. “Entre as 10 maiores economias do mundo, a única que tem que importar
derivados de petróleo é o Brasil”. (g1)
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