Rebelião em presídio chega ao fim com 60 mortes, diz governo do AM.
Sessenta presos
morreram na rebelião do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em
Manaus, informou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.
O motim durou mais de 17 horas e foi considerado pelo secretário como "o
maior massacre do sistema prisional" do Estado.
Os mortos são
integrantes de uma facção criminosa e estavam presos por estupro, segundo
Fontes. Também houve fugas de detentos, mas o número não foi divulgado
oficialmente. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM) chegou a dizer ao G1 que
mais de 130 estão foragidos. O complexo penitenciário abriga 1.229 presos e
fica no km 8 da BR 174, que liga Manaus a Boa Vista.
O presidente da
Comissão de Direitos Humanos da OAB-AM, Epitácio Almeida, está na unidade
prisional e afirmou que os presos liberaram nesta manhã os últimos sete reféns.
Segundo ele, os detentos entregaram as armas e se renderam às 8h40 (horário de
Manaus) desta segunda-feira (2).
De acordo com
Pedro Florêncio, da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap),
os detentos que se rebelaram tiveram ajuda dos presos do semiaberto. "Eles
fizeram buraco na muralha e, por lá, entraram armas no presídio", afirmou.
"Não houve falha da inteligência para perceber [o motim]."
Foram
apreendidas quatro pistolas, uma espingarda calibre 12 e armas improvisadas,
segundo informações preliminares. Além de mortes por armas, foram registradas
ainda mortes por incêndio. O ex-policial militar Moacir Jorge Pessoa da Costa,
mais conhecido com "Moa", morreu carbonizado em uma das celas. Até o
momento, ele é o único detento com identidade informada pela Secretaria de
Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
Esse foi mais um
capítulo da guerra silenciosa e impiediosa do narcotráfico"
Sérgio Fontes,
secretário de segurança do AM
Motivos da
rebelião
O secretário
Sérgio Fontes afirmou que uma facção rival comandou a rebelião, que "não
havia sido planejada previamente". "Esse foi mais um capítulo da
guerra silenciosa e impiediosa do narcotráfico", disse.
Fontes afirmou
ainda que há indícios de que a rebelião teve relação com o motim no Instituto
Penal Antônio Trindade (Ipat), também ocorrido no domingo. No total, 87 presos
fugiram do Ipat. Cerca de 40 detentos das duas unidades prisionais foram
recapturados, segundo o secretário.
Epitácio Almeida
afirmou que a negociação com os presos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim
começou às 20h30 (horário local) do domingo.
"Nós
tivemos a noite mais sangrenta da história do Estado nos presídios. Eu e o juiz
Valois negociamos. Eles pediram a presença da imprensa na madrugada, mas não
havia ninguém. Doze carcereiros foram feitos reféns e pediram coisas que não
julgamos absurdas, como garantir a integridade deles, por isso, o juiz assinou
com eles", explicou o presidente de comissão da OAB-AM.
Apoio federal
Em nota, o
Ministério da Justiça e Cidadania informou que o ministro Alexandre de Moraes
manteve contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira, e
colocou-se à disposição para ajudar.
O governador
disse ao ministro, segundo a nota, que vai usar os R$ 44,7 milhões que recebeu
de repasse do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) na última quinta-feira
(29).
Entenda o caso
O motim começou
na tarde do domingo. De acordo com
SSP-AM, os corpos de seis pessoas – ainda não identificadas – foram jogados
para fora do presídio, sem as cabeças.
Até 20h50 (22h50
no horário de Brasília), a SSP-AM afirmava que 12 agentes carcerários eram
mantidos reféns. Outros funcionários que estavam na unidade prisional
conseguiram escapar. Presos também foram feitos reféns, mas o número não pôde
ser confirmado.
Ao longo da
noite, dezenas de pessoas foram para a porta do presídio aguardar informações
de parentes presos. Alguns familiares também compareceram à sede do Instituto
Médico Legal (IML), na Zona Norte de Manaus. Entretanto, a entrada de parentes
e de jornalistas no local foi proibida. (Do G1 AM)
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