Livro de Carlos Navarro trata da exploração de chumbo em Boquira-BA.
Imagem histórica da Mineração Boquira. (Foto: Boquira em Ação) |
O
livro, ‘Boquira’, segundo do jornalista Carlos Navarro Filho, foi lançado na
última quarta-feira (19), na Casa do Comércio, em Salvador. A obra fala sobre a
exploração de chumbo no sertão da Chapada Diamantina e destaca as consequências
enfrentadas pela população do local após a saída de uma mineradora francesa. Em
1970, Navarro, que era chefe da sucursal do Estadão, decidiu cobrir e estudar a
situação que estava instalada em Boquira e realizar uma série de reportagens. O
jornalista contou que tudo começou quando um padre visitou a cidade do
centro-sul da Bahia e encontrou pedras que tinham um alto teor de chumbo.
Depois,
ele decidiu fazer um abaixo-assinado, mentindo que seria para reformar uma
capela, mas na verdade ele requereu o usucapião das terras e as vendeu.
“Começou aí, o padre tomou as terras, e terminou vendendo a exploração para uma
empresa do Paraná, que quando avaliou a área chamou essa multinacional
francesa, a Peñarroya. A partir disso aconteceram as coisas cabeludas da
história, o governo da Bahia, que na época era chefiada por Antônio Balbino,
desapropriou o povoado e deu para a empresa explorá-lo”, contou Navarro.
Para
tentar amenizar o impacto da chegada da mineradora francesa, o governo criou um
Núcleo de Assistência Rural que iria servir para “garantir o bem estar das
pessoas”. Mas segundo Navarro, o Núcleo não conseguiu ajudar praticamente
ninguém e “morreu todo mundo”. “Eles construíram um posto de saúde, uma escola,
mas controlaram todo o resto. A empresa ficou lá por 20 anos, explorou e depois
foi embora. Eles deixaram a cidade lá, toda poluída, a população sem terra e
sem água. Até hoje Boquira não tem água potável porque todos os mananciais de
lá estão contaminados pela mineração”, contou.
Carlos
Navarro lançou o livro na própria cidade de Boquira em julho deste ano, e
revelou que a população do município mudou alguns pensamentos a partir da
leitura do livro. Para ele “não existe melhor retorno” do que conseguir fazer
com que as pessoas “abram os olhos” para a situação que de fato aconteceu na
cidade.
Além
de afetar Boquira, Navarro destaca também em seu livro os problemas deixados em
Santo Amaro, no Recôncavo baiano, local em que o chumbo era beneficiado. “A
mineradora causou uma poluição terrível. Foram milhões de toneladas de rejeitos
com resíduos de chumbo. São mais de 1.200 mortes e dezenas de pessoas doentes e
contaminadas até hoje. O caso ainda está na justiça”, disse. Para o jornalista,
o livro pode ser resumido como uma “grande denúncia”: “o mais importante é
fazer com que as pessoas fiquem sabendo da história”. (Bahia Notícias)
Imagem histórica da Mineração Boquira. (Foto: Boquira em Ação) |
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