Tristeza: Jovem de 27 anos, com casamento marcado, morre de Covid-19. Ela não tinha comorbidades
Uma
jovem de 27 anos não resistiu após se infectar pelo novo coronavírus e morreu
no domingo (4), em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Ketherin
Bracciali fez aniversário durante a internação para tratamento da doença e
estava com o casamento marcado para o dia 9 de setembro de 2021.
Ainda
tentando lidar com a perda precoce da filha, e se apoiando à religião para
encontrar forças, Rosangela Bracciali afirma que Ketherin era totalmente
saudável e respeitava rigorosamente as regras de prevenção à Covid-19. “Foi
dilacerante. Minha filha nunca bebeu e fumou. Não tinha comorbidade nenhuma.
Ela se cuidava. Não ia para balada, mas pegou”, diz Rosangela, em entrevista ao
G1. “Esses jovens que não têm responsabilidade com a própria vida tinham que parar
um pouquinho para pensar no quanto isso é real. Esse vírus vai demorar para ser
extinto. Muitos ainda podem perder a vida”, complementa a mãe.
Ketherin
começou a apresentar os sintomas associados à Covid-19 há mais ou menos três
semanas. Rosangela relata que a filha se queixou de dores nos joelhos e, em
seguida, na garganta. “No dia 12 de março, nós a levamos a uma Unidade Básica
de Saúde (UBS). Ela ficou praticamente a manhã toda aguardando atendimento,
passou mal, precisou ser colocada em uma cadeira de rodas e entrou para fazer o
teste”, explica Rosangela. Depois de ser medicada, a jovem retornou para a casa
onde morava. Porém, apresentou falta de ar e precisou procurar atendimento
novamente. Até então, Ketherin não tinha descoberto que o resultado do exame
feito dias atrás tinha apresentado resultado positivo para Covid-19. “No dia 19
de março, ela foi internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Tangará e
precisou ficar no oxigênio. Deram autorização para levar roupas e coisas de
higiene. Levei, mas não consegui vê-la. Minha filha melhorava em um dia, mas no
outro piorava”, relembra a mãe.
No
dia 24 de março, enquanto batalhava para se recuperar das complicações
provocadas pela doença, a jovem completou 27 anos. Víncenth Bracciali relembra
que mandou mensagem à irmã para desejar parabéns e aproveitou para dizer que
estava torcendo pela recuperação dela. “Falei que queria que ela melhorasse
logo. Minha irmã ainda estava acordada e me respondeu que estava preocupado
comigo. Essa foi a última conversa que tivemos. Mesmo estando mal, minha irmã
ainda estava preocupada comigo”, comenta. Ketherin estava preocupada porque
toda a família também tinha testado positivo para o novo coronavírus, mesmo
tendo adotado todas as medidas de prevenção e respeitado o distanciamento
social. “Ficamos aguardando um bom tempo pelo resultado do exame. Senti falta
de ar, muita fraqueza e moleza. As comidas ficaram com um gosto muito forte.
Mas nenhum de nós precisou de internação”, explica Víncenth.
A
mãe da jovem conta que a filha foi transferida para outras duas Unidades de
Pronto Atendimento e precisou ser intubada. “Foi tudo muito rápido. Descobrimos
que minha filha sofreu uma parada cardíaca por conta da doença. Me chamaram
para buscar o anel de noivado dela e recebi a notícia de que os pulmões dela
estavam comprometidos”, relata. No dia 31 de março, Ketherin foi transferida
novamente, mas, dessa vez, para a Santa Casa, um dos hospitais responsáveis por
atender moradores de Rio Preto com suspeita ou diagnóstico positivo da doença.
“Ela ficou internada e intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e teve
75% dos pulmões comprometidos pela doença e faleceu no dia 4 de abril”,
relembra Rosangela. “Minha filha era uma menina alegre, positiva, gostava de
ver todos felizes e se preocupava muito. Ela tinha álcool em gel em todos os
lugares, respeitava o distanciamento, usava máscara. Realmente não sabemos de
onde a doença surgiu”, complementa a mãe.
Em
janeiro de 2021, Francisco Queiroz pediu a mão de Ketherin durante uma viagem a
Gramado (RS). Morando em cidades diferentes, os dois se conheceram pela
internet, começaram a conversar e se encontraram presencialmente no dia 11 de
junho de 2020. “O casamento estava marcado para 9 de setembro. Nossa relação
era perfeita. Nunca brigamos. Sei que quando as pessoas falecem normalmente
costumam dizer isso, mas Ketherin era a melhor noiva, namorada e amiga”,
desabafa Francisco. Cristieli dos Santos Bracciali comenta que, pela situação
dela, de não ter comorbidade, a família não acreditaria que o vírus seria
fatal. “Nós acreditamos que as famílias são eternas. A morte não é o fim de
tudo. Acreditamos que ainda vamos vê-la. Está sendo difícil, mesmo acreditando
nisso. Agora imagina para quem não tem uma religião e acha que a morte é o fim
de tudo. Os jovens não estão pensando na família e em quem vai ficar”, diz
Cristieli. (G1)
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