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Bahia: Mulher morta durante ação policial era tia de criança que morreu em caso semelhante

 

Uma das mulheres mortas a tiros durante perseguição policial a um suspeito, na noite de sexta-feira (4), no Curuzu, bairro da Liberdade, em Salvador, era tia de um menino de 7 anos que morreu em novembro de 2020, em circunstâncias semelhantes.

O menino Railan Santos da Silva foi morto a tiros, enquanto acompanhava uma partida de futebol no bairro, e moradores contaram que a Polícia Militar teria chegado no local atirando. Ele era sobrinho de Viviana Soares, de 40 anos, uma das vítimas da noite da última sexta. A outra mulher morta na ação foi Maria Célia de Santana, de 73 anos.

Fernanda Evangelista, mãe de Railan e irmã de criação de Viviane, desabafou sobre as duas tragédias na família.

"Eu digo todos os dias: eu estou morta viva. Eu tive um filho de 7 anos, cuidei de meu filho [que foi morto], para agora acontecer isso com minha irmã? Está errado isso, gente!. E agora, eles vão dizer que as balas foram de quem? Só faltaram, dizer que meu filho estava armado. Meu filho tinha 7 anos. Como meu filho ia estar armado? Para com isso. Tem que parar com isso. Meu filho tinha 7 anos e está morto vão fazer sete meses agora", falou.

Ela também criticou a ação policial que culminou na morte de Viviane e de Maria Célia, na noite de sexta.

"Vamos passar de novo pela dor de uma morte cometida pela nossa segurança. A polícia é para nos segurar, para os deixar segura. Como entra em um rua que tem crianças... Se tivessem crianças aqui brincando, seriam novas crianças assassinadas de novo. Duas vidas... Viviane tem um filho de 10 anos. Como Tauan vai ficar agora? Como uma criança vai ficar agora? É assim mesmo? Amanhã vão ser mais dois, mais e três, e vai ficar por isso mesmo?", questionou.

Em nota, a Polícia Militar informou que equipes da Operação Apolo foram acionadas, com informações de que um carro roubado no bairro de Nazaré, na noite de sexta-feira, estaria no Curuzu. "Quando chegaram ao local, os policiais identificaram o veículo e, ao se aproximarem dele para efetuar a abordagem, foram recebidos a tiros por um homem armado", diz a nota.

A PM ainda afirmou que saiu do veículo efetuando disparos contra a guarnição, que revidou, mas o suspeito conseguiu fugir a pé. Durante buscas na região, os policiais identificaram duas mulheres alvejadas por disparos de arma de fogo e levaram as vítimas ao Hospital Geral Ernesto Simões Filho (HGESF), mas que não resistiram. A corporação informou ainda que a ocorrência foi registrada na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A Polícia Civil informou que a 3ª DH/BTS investiga as mortes de Viviane e Maria Célia, e que o veículo roubado foi periciado, capsulas foram coletadas no local e outras perícias foram solicitadas. Guias de remoção também foram expedidas.

Sobre o caso de Railan, a Polícia Civil disse que o procedimento foi finalizado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e encaminhado para a Justiça, mas que não possuem maiores detalhes.

Não há confirmação, entretanto, de que o vídeo registrado pelo morador seja o do tiroteio entre policiais e o suspeito, e que teria vitimado Viviane e Maria Célia.

“As corporações estão cheias de despreparados, atirando de tudo quanto é jeito. E agora? Como fica essa vida que se foi? Duas vidas que se foram". O desabafo emocionado é de Jair Pedreiro, pai de Viviane.

Jair questionou a atuação dos policiais militares, durante perseguição a suspeito, e afirmou que registrará queixa na corregedoria da corporação.

"Vou na corregedoria para ver como vai ficar. Não vai trazer a vida da minha filha, não. Minha filha não me deu desgosto. Minha filha corria atrás: trabalhava, fazia unha, fazia faxina. E agora, como é que fica essa situação?”, falou.

Testemunhas contaram que policiais militares perseguiam um homem em um carro branco, na Rua dos Pinhais, na localidade do Curuzu. Ao tentar fugir, o suspeito bateu com o carro em um caminhão que estava estacionado e saindo correndo a pé. Foi neste momento que, segundo os moradores, os policiais começaram a atirar e atingiram as duas mulheres, que estavam no local.

“Eles acabaram atingindo as duas, pela falta de preparo deles. Porque não havia nenhum motivo, porque era apenas um bandido, segundo eles. E eles dispararam sem ter para quê. A gente está bastante incomodado, porque o tempo todo os bairros periféricos sofrem esse tipo de abuso policial. Sempre fica impune”, falou um morador que não quis se identificar.

O motoboy Jorge Pereira, que também testemunhou a ação, também criticou a abordagem dos policiais.

“Só tinha uma pessoa dentro do carro. Eles não chegaram para abordar o carro, já chegaram atirando. Mataram duas mães de família, e agora deixa essa tristeza na rua", disse.

O namorado de Viviane, Jeferson Conceição, relata que está difícil de acreditar no que aconteceu.

“Hoje comprei o presente para ela de Dia dos Namorados. Não estou acreditando ainda. Está passando muita coisa na minha cabeça. Acho que só vou acreditar quando eu ver”, disse.

Viviane e Maria Célia estavam na porta de casa, quando foram baleadas. Viviane deixa um filho de 10 anos. (G1 Bahia)


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