Pequenos negócios: Whatsapp e Instagram fora do ar promovem queda de até 80% no faturamento
Pequenos
empreendedores que vendem seus produtos e serviços pelo WhatsApp e Instagram
estão com dificuldades para trabalhar nesta segunda-feira (4), afetados pela
instabilidade dos aplicativos. Internautas em todo o mundo estão relatando
dificuldade para acessar os serviços – todos eles pertencem ao Facebook.
Confira algumas histórias de pessoas que tiveram problemas com seus negócios por
conta da queda dos serviços:
Vendedoras de marmitas tem dia
“desesperador
A
chef de cozinha Daniella Goulart vende marmitas pelo Plano Piloto, em Brasília,
e diz que ficou desesperada com a queda do WhatsApp. A falha começou perto da
hora do almoço, momento de auge dos pedidos em restaurantes. “Foi terror e
pânico. Vivemos o caos hoje. Posso dizer que 99% dos meus clientes pedem comida
pelo WhatsApp, e ele parou justamente na hora mais pesada do meu delivery. Até
agora não sei o tanto de pedidos que perdi”, afirma. Daniela faz, em média, 60
marmitas durante a semana. “Meu prejuízo foi superior a 60% com certeza”,
avalia. Ela afirma que o episódio serviu para que pense em novas estratégias.
Vendas perdidas
Um
restaurante que vende marmitex por delivery no bairro Santa Cruz, na Região
Nordeste de Belo Horizonte, deixou de vender para cerca de 20 clientes no
horário do almoço – o WhatsApp está fora do ar desde o começo da tarde. A
empresa ainda não está presente em aplicativos de entrega de comida e precisa
da ferramenta para divulgar e vender os produtos. “A gente faz o cardápio e
manda todo dia para 400 pessoas pelo WhatsApp. Quem tem o número fixo, liga,
mas geralmente os clientes pedem mesmo por mensagem. As vendas foram bem mais
fracas”, diz a sócia do estabelecimento, Edna Reis.
80% a menos no faturamento
Restaurantes
que funcionam no sistema delivery em Santos, no litoral de São Paulo, tiveram
prejuízos com a instabilidade do WhatsApp, Facebook e Instagram nesta
segunda-feira (4). Os comerciantes, que utilizam as redes sociais para oferecer
os produtos, relataram dificuldades e queda no número das vendas de até 80%. A
gastróloga Marina Soares, de 28 anos, tem um delivery de comida saudável e
utiliza as redes sociais para vender as refeições. “Nosso trabalho é somente
com delivery, entregamos no almoço e durante a tarde. O horário que o WhatsApp
parou de funcionar, achamos que fosse nossa rede. Descobrimos na vizinhança que
é algo geral”, explica.
“Dia horrível”
Dona
de uma floricultura no bairro Canasvieiras, no Norte da Ilha, Marisa Müller
afirma que faz 90% das vendas por Whatsapp e foi prejudicada com a falha. “Hoje
está horrível. A gente estava com bastante pedido [antes da instabilidade].
Tive que parar de conversar com os clientes no meio, antes de fechar o
negócio”, explica. Ela disse que muitos consumidores entram em contato pelo
aplicativo para tirar dúvidas antes da compra. “É o principal meio. Eles vêm
pedir orçamento, fotos”, afirma. Outras duas floriculturas da cidade também
relataram ao g1 usarem bastante essa tecnologia e que o problema da tarde desta
segundo afetou os serviços.
Aulas online inviabilizadas
A
pane global dos aplicativos da Facebook afetou o dia de trabalho de muitas
pessoas em todo o mundo e, também, de professores. No Rio Grande do Sul relatam
dificuldades para atender alunos. A professora Najla Diniz, que dá aula de
português e religião para alunos do 6º ao 9º ano de uma escola municipal de
Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, ficou sem atender estudantes
em modo remoto. “Hoje eu tenho três períodos de atendimento no WhatsApp e isso
não aconteceu. É o momento que eles têm para tirar dúvidas, para perguntar
sobre o que precisam fazer. É uma ferramenta pedagógica”, explica.
“Desesperador”
“Eu
estou precisando fazer um monte de coisas do meu negócio e não consigo. Tá
desesperador. Posso te garantir que tem milhares de pessoas que vendem pelo
Instagram e também estão desesperadas nesse momento”, conta Adriana Marinho,
dona da Berenix, loja virtual de lingeries e pijamas. Quase 100% das compras no
site da marca são feitas a partir das postagens no Instagram e pelo WhatsApp.
Ela conta que estava em contato com várias clientes e esperando o pagamento de
algumas delas para fazer a entrega dos produtos ainda hoje pelos Correios.
“Preciso separar pedidos, confirmar pagamento, fora que não sei quem recebeu
minhas mensagens. A conexão com os clientes tá totalmente parada”, diz Adriana.
Julia Barbosa vende pães de fermentação natural em São Paulo. Ela recebe as
encomendas exatamente às segundas-feiras, até às 18 horas, e faz as entregas às
quartas e sextas. Quando percebeu que o WhattsApp não estava funcionando, ficou
sem saber o que fazer. “Percebi que essa é a minha principal ferramenta de
trabalho. Fiquei paralisada. Agora pedi ajuda para meu filho e vamos ligar para
os clientes que já estavam em contato. Mas não tenho como ligar para todos”,
explica Julia. A empreendedora chega a receber até 20 pedidos em uma segunda
normal e faz as compras dos ingredientes de acordo com a demanda. “Essa pane
vai atrapalhar toda a minha semana de trabalho. Provavelmente mude o dia das
entregas”, conta. (G1)
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