‘Chega de frescura, de Mimimi. Vão ficar chorando até quando?’, diz Bolsonaro ao criticar medidas de restrição em meio a recorde de mortes por covid-19 no Brasil
O
presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), criticou medidas
restritivas tomadas diante da pandemia da Covid-19. Ele fez o comentário
durante evento de que participou em São Simão, sudoeste de Goiás, na manhã desta
quinta-feira (4), um dia após Goiás registrar recorde de mortes pela doença.
“Vocês
não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos
problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”,
afirmou.
Em
seguida, o presidente destacou a importância do respeito aos idosos, disse que
lamenta as mortes, mas completou questionando sobre o futuro do Brasil diante das
paralisações de atividades.
“Respeitar
obviamente os mais idosos, aqueles que têm doença, comorbidade, mas onde vai
parar o Brasil se nós pararmos?”, disse.
A
visita a São Simão foi a primeira que Bolsonaro fez ao estado em 2021. Nas
imagens feitas na cerimônia, ele aparece sem máscara.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS), no entanto, recomenda o distanciamento
social, o uso de máscaras e a lavagem das mãos como medidas de prevenção contra
o novo coronavírus.
Horas
antes, o presidente esteve em Uberlândia, onde fez críticas a comentários sobre
a compra de vacinas contra Covid-19 pelo governo federal. Bolsonaro afirmou:
“Tem
idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] ‘vai comprar
vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo”.
Também
criticando as medidas restritivas, o presidente defendeu que o desemprego no
País não pode ser tratado “depois”, que a pandemia e as dificuldades econômicas
enfrentadas pelos brasileiros têm que ser tratados simultaneamente.
“Se
ficarmos em casa o tempo todo e dizemos o tempo todo que ‘a economia vamos ver
depois’, uma parte nós estamos vendo agora o que foi essa política. Qual o futuro
do Brasil?”, questionou.
Se
referindo aos decretos que restringem funcionamento ao que é “essencial” o
presidente defendeu uma definição do que acredita se encaixar nesse grupo:
“Atividade
essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para
dentro de casa”, disse.
CORONAVÍRUS
EM GOIÁS
Segundo
a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), o dado do acumulado de infectados
pelo coronavírus em Goiás está em 404.965. O número total de mortos pela doença
chegou a 8.714.
O
governo estadual vem alertando que a segunda onda de Covid-19 está mais forte
que a primeira em Goiás, principalmente após a secretaria identificar três
variantes do vírus entre a população.
“O
estado é de calamidade. O sistema de saúde nunca esteve tão pressionado. Sem
dúvida, estamos no momento mais crítico que a saúde vive desde o início da
pandemia”, destacou o secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino.
Para
definir parâmetros e facilitar a avaliação da situação de cada local em relação
à pandemia, o governo de Goiás criou três cenários: situação de alerta, situação
crítica e de calamidade.
As
prefeituras inserem semanalmente dados no sistema da SES, que aponta em qual
situação o município se encontra. A partir disso, a pasta determina orientações
de como cada cidade deverá agir para evitar o avanço da doença.
O
balanço da situação das regiões é divulgado semanalmente pela SES e, na
terça-feira (2), 17 regiões se encontravam em situação de calamidade e apenas
uma estava na zona crítica.
A
prefeitura da cidade havia publicado um decreto em 19 de fevereiro, para
começar a valer no dia 24 do mesmo mês, com medidas restritivas para conter o
avanço da Covid-19. Entre as determinações, o texto reforçou a proibição de
realização de festas, eventos e aglomerações de qualquer tipo.
No
entanto, no dia 25 de fevereiro, foi publicado um complemento permitindo “em
caráter excepcional a realização de eventos oficiais promovidos pelas Instituições
de Governo que tenham por finalidade angariar recursos e investimentos para o
município de São Simão, desde que seguidos os protocolos de segurança”.
Lotação de hospitais
A
média de ocupação de todos os 29 hospitais da rede estadual, somado aos conveniados,
bateu 95% nesta quarta-feira. Na enfermaria, o índice é de 81%.
O
índice de ocupação da rede de saúde de Goiânia é de 97% das UTIs e 96% das
vagas de enfermaria em uso.
RECORDE DE MORTES POR COVID EM GOIÁS
Ferrovia Norte-Sul
O
presidente saiu de Brasília antes das 9h e pousou em Uberlândia. De lá, ele
seguiu para São Simão. Bolsonaro estava acompanhado do ministro da
Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que também apareceu sem máscara no palco do
evento.
O
governador, Ronaldo Caiado (DEM), divulgou há dias nas redes sociais que está
tratando de uma infecção urinária e não pode comparecer ao evento, mas enviou
seu vice, Lincoln Tejota (PROS), representando o governo.
Bolsonaro
esteve em Goiás em julho de 2019 para assinatura do termo de concessão do
trecho da Norte-Sul para a empresa Rumo. A ferrovia foi leiloada em março daquele
ano por R$ 2,7 bilhões.
À
época, o leilão foi o primeiro de ferrovias do governo em mais de dez anos,
anunciado no fim do governo Michel Temer.
O
trecho que foi leiloado tem 1.537 km e liga Porto Nacional (TO) até Estrela
d’Oeste (SP), passando pelos estados de Goiás e Minas Gerais.
O
primeiro trecho dessa concessão a ficar operacional é esse entre São Simão e
Estrela d’Oeste, que tem 172 km e foi inaugurado nesta manhã, segundo a Rumo.
A
concessionária também informou que a ferrovia já começa a ser usada nesta
quinta-feira com trens carregados de soja. A carga vai até Estrela D’Oeste,
onde a Malha Central se conecta a Malha Paulista.
A
ferrovia é tida como um dos principais projetos para escoamento da produção
agrícola do país com baixo custo logístico.
Além
da parte administrada pela Rumo, a ferrovia tem outras duas partes: a primeira
é entre Açailândia (MA) e Porto Nacional, com 720 km, que é administrada desde
2007 pela subconcessionária Ferrovia Norte Sul S.A. O segundo trecho está entre
Palmas (TO) e Anápolis, com 885 km de extensão. Ele era operado pela Valec e já
foi alvo de investigações sobre corrupção e desvio de verbas. (Fonte: G1)
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