Saiba por que o abuso de chá emagrecedor pode ter relação com morte de Paulinha Abelha
A
morte da cantora Paulinha Abelha, aos 43 anos, traz um alerta sobre o uso
abusivo de medicamentos e chás que prometem o emagrecimento. A morte ocorreu na
última quarta-feira (23), 12 dias após o internamento em unidade de terapia
intensiva (UTI) em Aracaju. A cantora chegou ao hospital com um quadro de
insuficiência renal. Entre os motivos levantados, está a utilização excessiva
de chás e remédios diuréticos.
Em
entrevista ao Fantástico (TV Globo), na noite do domingo (27), o viúvo de
Paulinha Abelha, Clevinho Santos, informou que a cantora recorria a esses
produtos. "Quase toda semana ela estava tomando, quando tinha show que ela
queria 'dar uma secada', também esses chás de emagrecer."
A
endocrinologista Lúcia Cordeiro, presidente da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia/Regional Pernambuco (SBEM/PE), chama a atenção
para os riscos de se tomar chás emagrecedores e remédios para perda de peso sem
orientação médica. "Há muitos produtos que dizem ser naturais, com algas e
ervas, mas têm um potencial tóxico. É o que acontece com esses chás
emagrecedores: eles são diuréticos, desidratam e faz a pessoa perder potássio
pela urina. Isso pode levar a dano renal agudo (repentino), causando
insuficiência dos rins", explica Lúcia.
No
começo deste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um
alerta sobre o fato de que qualquer produto com propriedades terapêuticas, como
aqueles com promessa de emagrecimento, só pode ser comercializado no Brasil com
autorização da Anvisa. "E esse comércio só pode ocorrer em farmácias ou
drogarias, já que substâncias com propriedades terapêuticas são consideradas
medicamentos.
A Anvisa lembra que produtos sem registro na
agência não oferecem a garantia de eficácia, segurança e qualidade exigida para
produtos sob vigilância sanitária. Sem esses requisitos mínimos, os produtos
irregulares representam um alto risco de dano e ameaça à saúde das
pessoas", disse a Anvisa, em nota emitida no último dia 4.
O
comunicado ainda pede que a população desconfie de produtos com promessas
milagrosas, que prometem emagrecimento fácil ou qualquer outro tipo de ação de
tratamento, cura ou prevenção de doenças. "Todo produto com ação
terapêutica precisa estar regularizado na Anvisa como medicamento." As
alterações hepáticas, que são capazes de levar a uma falência do fígado, também
podem ter como causa o uso de chás emagrecedores e remédios diuréticos. "É
a condição mais comum associada a esses produtos, que são metabolizados pelo
fígado. Mas as toxinas contidas neles também têm potencial de ser maléficas
para o rim e o sistema nervoso central", frisa Lúcia Cordeiro.
A
endocrinologista esclarece que esses chás e outros produtos que prometem o
emagrecimento milagroso e a eliminação repentina do inchaço não passaram por
testes científicos. "Essa é a diferença entre eles e os medicamentos
aprovados pela Anvisa para ajudar no processo de perda de peso. São medicações
que passaram por estudos diversos, em vários tipos de pacientes.
Ao
prescrevê-las, sabemos sobre a ação e os possíveis efeitos colaterais, que
podemos controlar." Ainda de acordo com Lúcia Cordeiro, infelizmente há
pessoas que combinam esses medicamentos com os chás emagrecedores, na intenção
de acelerar o emagrecimento. "Isso é um perigo. E também existem pacientes
que associam os diuréticos a fórmulas, o que leva a uma alteração, baixa de
potássio. Essa condição pode causar uma arritmia e, até mesmo, parada
cardíaca", alerta a médica.
Ela orienta que a população não utilize produtos sem certificação da Anvisa e que procurem um endocrinologista, especialmente se desejam fazer uso de medicamentos para perda de peso. "A sociedade também tem que entender que não é pelo fato de ser natural que um produto não vai causar efeito colateral", complementa a médica.
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