No sul da Bahia equipe da TV Bahia é agredida por seguranças e apoiadores de Bolsonaro; veja vídeo
Uma
equipe da TV Bahia, afiliada da Globo, foi agredida neste domingo (12) em
Itamaraju por seguranças e por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante
a visita dele à região, atingida pelas chuvas no extremo sul baiano.
A
repórter Camila Marinho e o cinegrafista Cleriston Santana aguardavam o pouso
do helicóptero do presidente no estádio municipal Juarez Barbosa. Ao descer do
helicóptero, o presidente seguiu em direção à lateral do campo de futebol.
Os
repórteres da TV Bahia e da TV Aratu, afiliada do SBT, tentaram se aproximar
para entrevistar Bolsonaro, mas a equipe de segurança, que formava uma espécie
de "paredão", agiu para impedir a aproximação das duas equipes.
Um
dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte
interna do antebraço, numa espécie de "mata-leão". No tumulto, essa
imagem não pôde registrada. O presidente avançou e subiu na caçamba de uma
caminhonete, ainda dentro do estádio.
Um
segurança pessoal tentou impedir que os jornalistas erguessem os microfones em
direção a Bolsonaro. E, quando os microfones esbarraram nele, disse que os
repórteres estavam batendo nas costas dele.
"Se
bater de novo vou enfiar a mão na tua cara. Não bata em mim, não batam em
mim", disse.
O
secretário de Obras de Itamaraty, Antonio Charbel, que estava com apoiadores do
presidente, puxou os microfones. O aparelho da TV Bahia teve a espuma rasgada.
A
pochete da repórter Camila Marinho também foi arrancada por outro apoiador e
depois recuperada por um repórter.
A
equipe presidencial então seguiu para a sala de comando da operação, dentro de
uma escola. As equipes de reportagem não acompanharam para evitar novas
confusões.
Os jornalistas da TV Aratu Xico Lopes
e Dário Cerqueira também tinham sido agredidos.
Só
depois da confusão a assessoria de imprensa da Presidência chamou os repórteres
dos dois veículos para dentro do local. Um dos integrantes da segurança pediu
desculpas pelo que havia ocorrido do lado de fora.
O
governador da Bahia, Rui Costa (PT), lamentou a agressão contra os jornalistas:
“Minha solidariedade à equipe de reportagem da Rede Globo, que foi agredida e
impedida de realizar a cobertura jornalística durante carreata com o presidente
em Itamaraju, na Bahia. A liberdade de imprensa é pilar fundamental da
democracia e qualquer ataque ao jornalismo merece repúdio. O momento é de
trabalho e solidariedade no Extremo Sul. Repudio violência contra a imprensa e
oportunismo num momento de dor diante de uma tragédia. Vamos trabalhar”, disse
o governador em uma rede social.
STF
O
Supremo Tribunal Federal foi acionado em novembro pela Rede Sustentabilidade
para proibir o presidente Jair Bolsonaro de atacar ou incentivar ataques
verbais ou físicos à imprensa e aos profissionais da área. O partido pede que o
STF fixe o pagamento de multa de R$ 100 mil por ataque. A Rede também pede que
o Supremo determine à Presidência da República que elabore e apresente um plano
de segurança para garantir a segurança dos profissionais que acompanham a
rotina do presidente.
A
ação foi apresentada após Bolsonaro tratar com hostilidade jornalistas
brasileiros durante viagem a Roma, na Itália. Seguranças que estavam perto do
presidente agrediram quem tentou fazer perguntas, entre eles o repórter
Leonardo Monteiro, da TV Globo.
Relator
da ação, o ministro Dias Toffoli enviou a ação para ser julgada pelo plenário
do STF.
A
Advocacia-Geral da União (AGU) já se manifestou no processo e defendeu a
rejeição da ação por questões processuais. O governo afirma que não é possível
atribuir a autoridades episódios de hostilidade ou intimidações contra a
imprensa. O governo diz ainda que a postura crítica de Bolsonaro à imprensa não
ultrapassa os limites da liberdade de expressão.
O
STF ainda aguarda o parecer da Procuradoria-Geral da República. O julgamento da
ação ainda não tem data para ocorrer.
NOTA
A TV Globo divulgou a seguinte nota:
"A TV Globo afirma
que as agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a
Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo,
tendo como relator o ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito
inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida.
As cenas bárbaras de
hoje e aquelas ocorridas na Itália, no dia 31 de outubro, ensejam duas
constatações: se os seguranças agem por conta própria, a Presidência deve ser
responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência
deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar
a violência contra jornalistas.
Além disso, é
escandalosa a atitude da Presidência de deixar jornalistas à própria sorte, em
meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio
presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa.
Frente aos evidentes e
graves riscos enfrentados por repórteres de todos os veículos, é urgente que o
Judiciário se pronuncie. A Globo repudia as agressões aos repórteres Camila
Marinho e Cleriston Santana, da TV Bahia, e aos repórteres Xico Lopes e Dário
Cerqueira, da TV Aratu, e se solidariza com eles". (Fonte:
g1 Bahia)
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